Soube hoje de manha, ao chegar ao trabalho, que o Mario nao tinha resistido e que seu coracao tinha parado de bater na ambulancia a caminho do hospital. Aconteceu hoje cedo.
Uma noticia triste mas um tanto quanto esperada, ja que haviam-se esgotado todas as opcoes tradicionais de tratamento para ele. Entretanto ainda havia dois tratamentos experimentais/testes clinicos que poderiam ter prolongado sua vida. Sei que nao adianta me torturar com a pergunta inconveniente "e se..." mas nestas horas e duro aceitar algumas coisas.
A atitude de alguns medicos e uma delas. Quando ele nao reagiu ao ultimo protocolo, sua medica o colocou num teste fase 1, que para nos leigos quer dizer praticamente que a chance de sucesso e perto de zero, pois e a primeira vez que a droga ou protocolo esta sendo testado um humanos. O tal tratamento levou Mario ao coma e definitivamente fez com que seu estado de saude deteriorasse bastante. Parece que ali a medica tinha decidido que o Mario nao tinha chances. Acho que ela ate deveria ate estar ceberta de razao, mas nao admito que ninguem, nem o maior dos medicos neste plano terrestre, se coloque no lugar de Deus, aquele que tudo decide.
Entendo que os medicos tem que manter um certo distanciamento e dizer a verdade ao paciente; tem tambem que gerenciar suas expectativas, mas o Mario era um cara extremamente realista, consciente e bem informado. Ele tinha um plano. Em momento nenhum ele fez uma proposta absurda de ir atras de um tratamento que pudesse comprometer sua saude de alguma forma. Muito pelo contrario.
Mario queria tentar um dos testes clinicos conduzidos pelo melhor e maior hospital especializado em cancer no mundo, o MD Anderson. Ele tambem nao falava por falar, dois de seus irmaos moram no Texas a poucass horas do hospital e tinham se responsabilizado por fazer com que ele chegasse ate la.
Mas a voz do meu amigo, por mais alta e articulada que fosse, nao foi ouvida. Alem da inercia media, ele tambem foi vitima da lentiddao da burocracia na area saude. A transferencia dele nao poderia acontecer sem que o estado autorizasse e acertasse as contas com o Medicaid. Sim, depois de trabalhar 14 anos para a mesma empresa, ela faliu. Com a crise, Mario foi gerenciar um restaurante, que nao oferecia plano de saude a seus empregados, sendo assim, quando mais precisou, Mario nao tinha cobertura medica.
Desde dezembro Mario vinha lutando muito. Tinha muitos planos e queria muito engajar a comunidade Latina na luta pelo acesso a saude. Infelizmente nao teve tempo para isto. Sequer conseguiu chegar ao Texas, onde queria tentar realizar seu ultimo desejo. "Nao quero partir ser ter esgotado todas as alternativas," ele me disse tantas vezes. Apesar do empenho de Elizabeth e da garra do Mario, nao houve tempo. Seu coracao simplesmente parou de bater esta manha.
Poucas horas depois de receber a noticia, Elizabeth recebe outro telefonema. Era do Estado de Maryland, avisando que a transferencia de Mario estava finalmente autorizada. Mas ja era tarde, muito tarde. Tarde demais. Mario nao podia mais esperar.
3 comments:
Oh céus, uma perda por mais esperada ou justificada que seja será sempre uma dor em nossos corações.
Um beijo,
Aline Martinez
Dani é inacreditavel, nao da para nao ficar revoltada nessas situaçoes! Espero que o Mario esteje bem la onde ele estiver!
Beijo
Muito triste Dani :-( Estava torcendo pra que o Mario conseguisse a transferência para o MD Anderson e é frustrante que ele consiga justamente no dia de sua morte. Todo mundo deve ter ficado arrasado :-( A burocracia levou mais uma vida. Revoltante.
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