Trabalhando 10 horas por dia e passando mais duas no trânsito, pouco tempo me sobra para os afazeres do lar. O problema do jantar já foi devidamente sanado depois da nossa visita ao Let's Dish, agora sobrou a limpeza da nossa casa, que cá pra nós está precisando de uma faxina pesada.
Então semana passada, ligamos para a faxineira/acompanhante da avó do Blake e marcamos com ela uma faxina para ontem. Ela é de algum país da América Central -- Honduras ou Guatemala -- e fala pouco inglês, então a gente se pergunta como ela e a família do Blake se comunicam... Vai saber.
Conversei com ela e marquei para a semana seguinte. Dias depois a avó do Blake comenta com ele que soube que a Consuelo, a faxineira, limpou nossa casa na semana passada! Oops, acho que há problemas na comunicação e que provavelmente a Consuelo não sabe bem os tempos verbais "limpei...limparei" dá tudo no mesmo. Mais engraçado é que a mãe do Blake ligou com a mesma informação!
Mas o tal sábado chegou e a Consuelo apareceu por aqui ontem de manhã para ver o tamanho da casa, o tipo de limpeza, etc. Fizemos um tour da casa e ela ia me mostrando cada cantinho que tinha poeira e como a tal poeira teria que ser removida. A grande vantagem é que eu falo espanhol e desde que cheguei aqui, meu espanhol só melhorou, então para a alegria do Blake, sempre que algum hermano vem fazer algum serviço aqui, recebemos tratamento VIP.
Depois de andar para lá e para cá, Consuelo me informa que precisa de equipamentos especiais para fazer a limpeza. O tal aspirador de pó que a gente tem -- e que foi caríssimo por sinal! -- não serve para piso de madeira, só para carpete. O tal limpador de vaso sanitário que a gente tem, aparentemente é uma piada. E o espanador -- que a gente não tem -- é imprescindível!
A sargenta da limpeza me explica que poderia fazer uma limpeza superficial e se dar por satisfeita, mas como não sabe trabalhar assim, precisa das ferramentas certas para executar tal tarefa. Prontamente saco uma caneta e um pedaço de papel e começo a anotar, marcas específicas e produtos especiais, como Windex com vinagre, ou Pinho Sol com limão, pois aparentemente o outro tipo tem cheiro de xixi! E por aí vai...
Como a neve começa a cair e nós não temos o material necessário para a tal intervenção, nossa especialista em limpeza vai embora e diz que volta no dia seguinte, ainda mais cedo. Peço a ela que me telefone e mando o Blake, que já está na rua e na neve, direto para o supermercado em busca dos tais produtos especiais. Ele me liga de lá, depois de visitar dois!!! -- dizendo que não sabe se vai completar a gincana, pois há produtos que ninguém nunca ouviu falar. O tal espanador grande, por exemplo... Ele diz que encontrou algo semelhante... Eu digo que quem não tem cão caça com gato.
Ao chegar em casa, separamos todo o material para nossa especialista em limpeza, que por sinal até meio-dia de domingo ainda não apareceu!!!!
January 31, 2010
January 30, 2010
Neve
São Pedro está de brincadeira com o povo aqui. Pra variar, tem neve caindo lá fora só pra me estragar o dia de sábado, quando normalmente coloco a vida em dia.
Os planos hoje eram de ir a manicure e talvez fazer uma escova para a festa mais tarde, mas pelo jeito, a manicure serei moizinha aqui e a cabelereira ou hairstylist, idem.
Ainda não há notícia de cancelamento, então vamos ver no que dá. Fim de semana passado, arrastei o coitado do Blake para o shopping atrás de um jeans bacaninha pra usar no Blue Jean Ball e depois de muito bater perna acabei achando este aqui que vai dar pra usar bastante. Vou colocar uma blusa mais arrumadinha e um shrug pra me deixar bem quentinha. Isto é, se rolar a festa...
Vamos torcer para esta neve dar uma estiada...
Os planos hoje eram de ir a manicure e talvez fazer uma escova para a festa mais tarde, mas pelo jeito, a manicure serei moizinha aqui e a cabelereira ou hairstylist, idem.
Ainda não há notícia de cancelamento, então vamos ver no que dá. Fim de semana passado, arrastei o coitado do Blake para o shopping atrás de um jeans bacaninha pra usar no Blue Jean Ball e depois de muito bater perna acabei achando este aqui que vai dar pra usar bastante. Vou colocar uma blusa mais arrumadinha e um shrug pra me deixar bem quentinha. Isto é, se rolar a festa...
Vamos torcer para esta neve dar uma estiada...
January 28, 2010
I Can't Wait for the Weekend to Begin
Depois de uma semana no mínimo intensa, estou um trapo e a musiquinha aí de cima não me sai da cabeça.
A semana que começou um cinco espetadas na segunda vai terminar com no mínimo uma amanhã, mas tudo bem.
Hoje falei com o médico de Hopkins, ou melhor, com a assistente dele que leu meu relatório dizendo que foi não foi detectada nenhuma evidência de neoplasia na área examinada, ou seja, no meu fígado. Os índices tumorais (AFP) estão dentro do normal e o resto está tudo certo. Como se diz por aqui, no news is good news... Estou aliviada.
Não deu ainda pra comemorar porque a semana no trabalho foi trevas, mas se Deus quiser, isto também vai passar e um dia ainda vou trabalhar feliz por aqui. Mas isto é papo para outro post.
O bom é saber que o fígado está ótimo e respiro mais aliviada. Os dois primeiros e mais críticos anos ficaram para trás e é isto que me importa. Achava que o médico ia espaçar minha próxima consulta para seis meses, mas como ele gosta muito de mim, bato ponto lá em maio. Tudo bem, better safe than sorry.
Amanhã saio pra jantar com o Blake e sexta tem a festa do Ulman Fund e já que o fígado está bom, um cocktail não vai fazer mal nenhum, né?
Ufa! Ainda bem que a semana acabou bem!
January 25, 2010
Obrigada!
Pelo jeito o santo do pessoal do blog é forte, pois deu tudo certo em Hopkins hoje.
O dia começou complicado no trabalho e -- tenho que admitir, fico muito sensível com a proximidade dos tais exames -- e continuou tenso no hospital. Depois de esperar 40 minutos até ser chamada para tirar sangue, o flebotomista, vulgo "vampiro", depois me espetar duas vezes, disse que era melhor que eu subisse para a sala de ressonância para que eles achasse a minha veia e colocassem o acesso.
Lógico que cheguei atrasada e ainda tive que esperar, mas depois de três furadas básicas a enfermeira conseguiu achar a tal veia e colocar o acesso. Mais quarenta minutos dentro da máquina -- respira, prende, inspira, solta! -- troquei de roupa com muito cuidado para não perder a veia e corri para a consulta.
Para minha surpresa, o médico estava a minha espera! Ela entra na sala com mais dois e se não fosse pela expressão feliz no rosto dele, teria ficado assustada, mas eram dois residentes. Meu médico que mais parece CEO do Google do que cirurgião, vai logo dizendo que as imagens preliminares estão boas e que ele acha que o relatório final não trará nenhuma surpresa. "Fico muito feliz de ver vocês e saber que está tudo ótimo. Nos vemos daqui a quatro meses e qualquer novidade, me avise!"
Consulta expressa, melhor impossível. Termina assim meu dia exaustivo em Hopkins. Acho que pelo menos hoje vou dormir tranquila. Aleluia!
O dia começou complicado no trabalho e -- tenho que admitir, fico muito sensível com a proximidade dos tais exames -- e continuou tenso no hospital. Depois de esperar 40 minutos até ser chamada para tirar sangue, o flebotomista, vulgo "vampiro", depois me espetar duas vezes, disse que era melhor que eu subisse para a sala de ressonância para que eles achasse a minha veia e colocassem o acesso.
Lógico que cheguei atrasada e ainda tive que esperar, mas depois de três furadas básicas a enfermeira conseguiu achar a tal veia e colocar o acesso. Mais quarenta minutos dentro da máquina -- respira, prende, inspira, solta! -- troquei de roupa com muito cuidado para não perder a veia e corri para a consulta.
Para minha surpresa, o médico estava a minha espera! Ela entra na sala com mais dois e se não fosse pela expressão feliz no rosto dele, teria ficado assustada, mas eram dois residentes. Meu médico que mais parece CEO do Google do que cirurgião, vai logo dizendo que as imagens preliminares estão boas e que ele acha que o relatório final não trará nenhuma surpresa. "Fico muito feliz de ver vocês e saber que está tudo ótimo. Nos vemos daqui a quatro meses e qualquer novidade, me avise!"
Consulta expressa, melhor impossível. Termina assim meu dia exaustivo em Hopkins. Acho que pelo menos hoje vou dormir tranquila. Aleluia!
January 24, 2010
Expectativa
Amanhã é dia de mais uma visita a Johns Hopkins, então estaria mentindo se dissesse que não estou tensa. É claro que a medida que o tempo passa, o choque vai diminuindo, mas o trauma de quem vivenciou uma recidiva é algo que vou levar comigo para sempre. A sensação de levar uma puxada de tapete aos 50 minutos do segundo tempo, quando já seguia em direção ao vestiário comemorando a vitória que me foi arrancada no susto, é amarga demais. Tudo bem que acabou tudo certo no final e os meus tantos medos eram até de certa forma injustificados, mas ninguém em sã consciência gostaria de passar por um trauma destes sequer uma vez, quanto mais duas.
A consulta e os exames de amanhã tem um peso grande, pois afinal já se passaram os dois primeiro anos desde a cirurgia, que são considerados o período mais crítico. É claro que sei que números muitas vezes não querem dizer nada, pois descobri o último tumor depois de mais de cinco anos da primeira cirurgia. Mas há de se ter esperança, e graças a Deus ela não me falta.
Nestas horas a fé tem um grande poder tranquilizador e é nela que me agarro. Confesso que tenho medo de entrar naquela salinha e ouvir as primeiras palavras do médico, mas não tenho outra opção.
Confesso que ainda me sinto como um gladiador depois de uma luta numa arena romana, aguardando o tão esperado gesto de clemência do imperador. É como se ali, naquele momento, o médico tivesse o poder de num instante mudar o meu destino. Imagens claras e polegar para cima, ganho o direito a mais seis meses de vida despreocupada; imagens ruins, polegar para baixo, ganho uma viagem à cova dos leões.
Mas agora minha sorte está lançada e tenho certeza que mais uma vez Deus estará ao meu lado e não tenho nada a temer. Mas só por desencargo de consciência, a gradeço desde já a quem acreditar em Deus, numa força maior, numa energia, num poder superior, ou qualquer coisa do tipo, e quiser incluir meu nome em suas orações, pensamentos ou vibrações...
A consulta e os exames de amanhã tem um peso grande, pois afinal já se passaram os dois primeiro anos desde a cirurgia, que são considerados o período mais crítico. É claro que sei que números muitas vezes não querem dizer nada, pois descobri o último tumor depois de mais de cinco anos da primeira cirurgia. Mas há de se ter esperança, e graças a Deus ela não me falta.
Nestas horas a fé tem um grande poder tranquilizador e é nela que me agarro. Confesso que tenho medo de entrar naquela salinha e ouvir as primeiras palavras do médico, mas não tenho outra opção.
Confesso que ainda me sinto como um gladiador depois de uma luta numa arena romana, aguardando o tão esperado gesto de clemência do imperador. É como se ali, naquele momento, o médico tivesse o poder de num instante mudar o meu destino. Imagens claras e polegar para cima, ganho o direito a mais seis meses de vida despreocupada; imagens ruins, polegar para baixo, ganho uma viagem à cova dos leões.
Mas agora minha sorte está lançada e tenho certeza que mais uma vez Deus estará ao meu lado e não tenho nada a temer. Mas só por desencargo de consciência, a gradeço desde já a quem acreditar em Deus, numa força maior, numa energia, num poder superior, ou qualquer coisa do tipo, e quiser incluir meu nome em suas orações, pensamentos ou vibrações...
January 23, 2010
Esperança
No final do ano passado, a organização do Jonny me pediu para conversar com duas mulheres que tinham acabado de descobrir câncer no fígado, em estágios avançados. Como câncer no fígado é raro e muitas vezes letal, não existem muitas pessoas que ficaram para contar a história, então praticamente todos os casos da doença vem parar comigo. Há vários tipos de câncer no fígado e a grande maioria não se origina lá, mas chega ao órgão como metástese. Há também os casos de doença causados pela cirrose ou pela hepatite C, que não tem nada a ver com a doença que eu tive, mas como não falo na condição de médica, mas de ser humano e de paciente, nunca me nego a conversar com ninguém e falar um pouco da minha experiência.
Foi assim que comecei a conversar com a Mary, uma mulher de 40 e poucos anos, mãe de três filhos que se mudou da Florida para a Califórnia por conta do trabalho do marido. Pouco depois da mudança para o outro lado do país, descobriu a doença. Soube que o corpo estava tomado por tumores agressivos, mas o que nenhum médico até hoje pode lhe responder foi onde a doença foi originada. No início acharam que fosse no fígado, depois no seio...Agora aceitaram que não sabem mas continuam o tratamento agressivo.
A surpresa quando converso com estas pessoas é a tranquilidade que elas me passam. E com Mary não foi diferente. Ciente da sua condição séria, ela seguia firme na sua opção por viver.
O fim do ano foi complicado para mim -- muito trabalho e viagens -- e não tive notícias da Mary por um tempo. Então com um certo receio, mandei um email para ela, confesso que já me preparando para notícias não tão boas.
Quase que na mesma hora, recebo um de volta.
Dani, achei um médico aqui na miha cidade e comecei a químio imediatamente. Passei por uma transfusão de sangue e até aprendi a me dar injeções de neupogin!... Mas estou feliz de te dizer que fiz o pet scan há poucas semanas e só me restam dois tumores pequenos -- Graças a Jesus!!! (O maior tem 3.4 cm e está necrosado e o menos -- de 1 cm -- espero qie tenha explodido depois da químio de semana passada.) Dani, segurei a minha cruz durante o exame, você deveria fazer o mesmo! Milhares de orações para você --- tudo vai dar certo!"
E mais uma vez, sinto que quem mais sai ganhando com qualquer tipo de trabalho voluntário e quem o exerce, não quem supostamente teria que receber a ajuda. Cada vez que recebo a missão de "consolar alguém", sou eu que acabo sendo "consolada." Sempre que me pedem para dar força a um paciente, sou eu quem acabo mais fortalecida.
Acho que depois de tantas perdas ano passado, involuntariamente já começo a me preparar quando sei de algum caso mais complicado, mas então mais um vez sou surpreendida quando observo uma melhora milagrosa.
É incrível perceber que alguém que enfrenta com tanta coragem um caso tão difícil ainda encontra espaço em seu coração para me incluir em suas orações... É nestas horas que a gente se sente pequena demais....
Foi assim que comecei a conversar com a Mary, uma mulher de 40 e poucos anos, mãe de três filhos que se mudou da Florida para a Califórnia por conta do trabalho do marido. Pouco depois da mudança para o outro lado do país, descobriu a doença. Soube que o corpo estava tomado por tumores agressivos, mas o que nenhum médico até hoje pode lhe responder foi onde a doença foi originada. No início acharam que fosse no fígado, depois no seio...Agora aceitaram que não sabem mas continuam o tratamento agressivo.
A surpresa quando converso com estas pessoas é a tranquilidade que elas me passam. E com Mary não foi diferente. Ciente da sua condição séria, ela seguia firme na sua opção por viver.
O fim do ano foi complicado para mim -- muito trabalho e viagens -- e não tive notícias da Mary por um tempo. Então com um certo receio, mandei um email para ela, confesso que já me preparando para notícias não tão boas.
Quase que na mesma hora, recebo um de volta.
Dani, achei um médico aqui na miha cidade e comecei a químio imediatamente. Passei por uma transfusão de sangue e até aprendi a me dar injeções de neupogin!... Mas estou feliz de te dizer que fiz o pet scan há poucas semanas e só me restam dois tumores pequenos -- Graças a Jesus!!! (O maior tem 3.4 cm e está necrosado e o menos -- de 1 cm -- espero qie tenha explodido depois da químio de semana passada.) Dani, segurei a minha cruz durante o exame, você deveria fazer o mesmo! Milhares de orações para você --- tudo vai dar certo!"
E mais uma vez, sinto que quem mais sai ganhando com qualquer tipo de trabalho voluntário e quem o exerce, não quem supostamente teria que receber a ajuda. Cada vez que recebo a missão de "consolar alguém", sou eu que acabo sendo "consolada." Sempre que me pedem para dar força a um paciente, sou eu quem acabo mais fortalecida.
Acho que depois de tantas perdas ano passado, involuntariamente já começo a me preparar quando sei de algum caso mais complicado, mas então mais um vez sou surpreendida quando observo uma melhora milagrosa.
É incrível perceber que alguém que enfrenta com tanta coragem um caso tão difícil ainda encontra espaço em seu coração para me incluir em suas orações... É nestas horas que a gente se sente pequena demais....
January 19, 2010
Gentileza Gera Gentileza... Mas A Gente Só Pode Dar o que Tem...
Detesto o tipo passivo-agressivo. É das poucas coisas que tenho nojo mesmo. Me revoltam pra valer. Está de saco cheio do chefe, vá reclamar com ele, mas NADA, NADA mesmo te dá o direito de dar patada nos seus colegas de trabalho. Como diz uma amiga minha, não é por que seu marido te espanca que você tem que vir pra cima de mim pra me cubrir de pancada!
Não falo do meu trabalho aqui, mas hoje no final do dia uma coisa me irritou profundamente. Terminei a revisão de um documento e minha chefe disse para entregar para a diretora de arte. Quando cheguei lá, toda sorridente, brincando com ela, ela fez sinal de "xô, sai pra lá" e sem sequer olhar para minha cara me disse "Não quero saber disto. Não me dê nada agora; estou atrasada e vou perder minha reserva no restaurante."
Fiquei muito p da vida. Tudo bem que ela lá tenhas as razões dela, mas um pouco de educação nunca fez mal a ninguém.
Na volta da sala dela, disse a minha chefe que o documento ainda estava comigo -- para ela não estressar amanhã perguntando por que não passei para frente -- e emendei com um comentário meio sarcástico, ao que ela me respondeu. "Puxa?! Ela deve estar estressada, pois trabalhou o fim de semana inteiro." Então dei um bom suspiro e respondi, "Mas não foi culpa minha, foi?"
Cansei de trabalhar no fim de semana, nas férias e até de madrugada, mas nunca descontei em quem não tinha nada a ver com assunto, afinal a escolha de trabalhar em regime de escravidão havia sido minha e de ninguém mais, então não aceito este tipo de grosseria, acho covarde e pequeno. Pena que seja tão normal em tantos ambientes de trabalho por aí...
É por estas e outras que preciso começar mesmo minhas aulas de kickboxing ou tai-chi...
Não falo do meu trabalho aqui, mas hoje no final do dia uma coisa me irritou profundamente. Terminei a revisão de um documento e minha chefe disse para entregar para a diretora de arte. Quando cheguei lá, toda sorridente, brincando com ela, ela fez sinal de "xô, sai pra lá" e sem sequer olhar para minha cara me disse "Não quero saber disto. Não me dê nada agora; estou atrasada e vou perder minha reserva no restaurante."
Fiquei muito p da vida. Tudo bem que ela lá tenhas as razões dela, mas um pouco de educação nunca fez mal a ninguém.
Na volta da sala dela, disse a minha chefe que o documento ainda estava comigo -- para ela não estressar amanhã perguntando por que não passei para frente -- e emendei com um comentário meio sarcástico, ao que ela me respondeu. "Puxa?! Ela deve estar estressada, pois trabalhou o fim de semana inteiro." Então dei um bom suspiro e respondi, "Mas não foi culpa minha, foi?"
Cansei de trabalhar no fim de semana, nas férias e até de madrugada, mas nunca descontei em quem não tinha nada a ver com assunto, afinal a escolha de trabalhar em regime de escravidão havia sido minha e de ninguém mais, então não aceito este tipo de grosseria, acho covarde e pequeno. Pena que seja tão normal em tantos ambientes de trabalho por aí...
É por estas e outras que preciso começar mesmo minhas aulas de kickboxing ou tai-chi...
January 18, 2010
Faces
Ontem aceitei o convite do Ulman Fund e fui posar para umas fotos que eles vao usar em eventos e na divulgacao dos programas. O objetivo deles e mostrar as faces das pessoas a quem o UCF serve.
O engracado e que este e sempre um conselho que dou a meus clientes. Sempre que estamos criando uma campanha, produzindo um relatorio anual ou escrevendo uma carta aos doadores, minha recomendacao e incluir historias reais de pessoas reais que fazem parte da organizacao. Assim a coisa passa do campo das ideias para o mundo real e se torna muito mais tocante.
Doar 50 dolares para as vitimas do Haiti e bacana, mas saber que seus 50 dolares foram usados para comprar remedios que salvaram a vida de Marie, uma orfa de dois anos que perdeu toda a familia durante o terremoto e algo simplesmente inesquecivel. Neste caso, a Marie e so um exemplo inventado, mas tenho certeza que a Cruz Vermelha e a midia em geral estao colecionando historias como estas.
Ontem durante a sessao de fotos, bati um longo papo com a Kristin, fotografa que topou trabalhar de graca para a campanha. Segundo ela, seu pagamento foi o privilegio de poder ouvir historias que vao ficar em sua memoria por muito tempo, e isto, diz ela, nao tem preco.
"O que realmente me abriu os olhos e o fato de que a gente realmente nao faz ideia da historia de ninguem, do peso e das experiencias que cada um leva consigo," ela me confessou. "Olhe para voce!," Kristen continuou, "Jamais sequer poderia imaginar que voce tenha passado por tantas coisas. Se te visse na rua, ia pensar, ' Que menina bonita! Deve ter uma vida mais que glamourosa," ela disse rindo. "E se ao conversar com voce, ouvisse que voce nasceu no Rio, estudou em Nova York, teve trabalhos interessantissimos e viajou tanto, isto so reforcaria a minha impressao inicial," ela me diz. "No entanto, voce esta aqui no meu estudio, bem na minha frente, me contando historias que eu jamais imaginaria fazer parte da sua vida, entao realmente me sinto privilegiada por sentar aqui e conhecer a pessoa real por tras das historias divertidas, ou do sorriso bonito."
Ela me disse que fui a nona pessoa fotografada para a campanha e o objetivo e ter pelo menos 15. A grande surpresa dela -- e ha algum tempo minha tambem -- e perceber que a doenca nao tem cara e as historias por mais diferentes que sejam sempre tem algo em comum. No meu caso, disse a ela, consegui perceber algo muito positivo e sempre que tenho a noticia que outra pessoa descobriu o cancer, corro logo para dizer a ela exatamente como me sinto. "A doenca e punk; e triste e horrivel, mas tem algo de muito positivo. Voce vai se sentir envolto numa enorme nuvem de carinho e amor, vai se sentir confortado e amado como nunca antes, em nenhuma circunstancia, entao respire fundo e deixe-se envolver, deixe-se levar e permita que toda esta vibracao positiva chegue ao seu coracao e se transforme em energia transformadora e curativa. Esta e a grande chance de fazer do limao uma deliciosa limonada e a maior chance que alguem tera de passar sua vida a limpo. Nao a desperdice."
E exatamente o que tento fazer. Nem sempre tenho sucesso, as vezes me deixo levar por tolices e coisas sem importancia, mas estas paradas para respirar, para pensar na minha historia servem para me lembrar do efeito que a pancada teve em mim. E mais, servem como um eterno puxao de orelha, um enorme empurrao para que eu leve a vida que sempre sonhei pra mim e que tantas vezes nem acho possivel.
Entao e por estas e outras que empresto a minha cara, as minhas palavras e os meus sentimentos a esta causa. Espero que historias como a minha e tantas outras levem um pouco de esperanca aqueles que as vezes nao tem nenhuma. Estas mesmas historias servem tambem a mim mesma, quando sinto medo, quando penso em fraquejar, entao olho para o lado, respiro fundo e sigo em frente, e me esqueco do meu medo, nem que seja so por um segundo.
O engracado e que este e sempre um conselho que dou a meus clientes. Sempre que estamos criando uma campanha, produzindo um relatorio anual ou escrevendo uma carta aos doadores, minha recomendacao e incluir historias reais de pessoas reais que fazem parte da organizacao. Assim a coisa passa do campo das ideias para o mundo real e se torna muito mais tocante.
Doar 50 dolares para as vitimas do Haiti e bacana, mas saber que seus 50 dolares foram usados para comprar remedios que salvaram a vida de Marie, uma orfa de dois anos que perdeu toda a familia durante o terremoto e algo simplesmente inesquecivel. Neste caso, a Marie e so um exemplo inventado, mas tenho certeza que a Cruz Vermelha e a midia em geral estao colecionando historias como estas.
Ontem durante a sessao de fotos, bati um longo papo com a Kristin, fotografa que topou trabalhar de graca para a campanha. Segundo ela, seu pagamento foi o privilegio de poder ouvir historias que vao ficar em sua memoria por muito tempo, e isto, diz ela, nao tem preco.
"O que realmente me abriu os olhos e o fato de que a gente realmente nao faz ideia da historia de ninguem, do peso e das experiencias que cada um leva consigo," ela me confessou. "Olhe para voce!," Kristen continuou, "Jamais sequer poderia imaginar que voce tenha passado por tantas coisas. Se te visse na rua, ia pensar, ' Que menina bonita! Deve ter uma vida mais que glamourosa," ela disse rindo. "E se ao conversar com voce, ouvisse que voce nasceu no Rio, estudou em Nova York, teve trabalhos interessantissimos e viajou tanto, isto so reforcaria a minha impressao inicial," ela me diz. "No entanto, voce esta aqui no meu estudio, bem na minha frente, me contando historias que eu jamais imaginaria fazer parte da sua vida, entao realmente me sinto privilegiada por sentar aqui e conhecer a pessoa real por tras das historias divertidas, ou do sorriso bonito."
Ela me disse que fui a nona pessoa fotografada para a campanha e o objetivo e ter pelo menos 15. A grande surpresa dela -- e ha algum tempo minha tambem -- e perceber que a doenca nao tem cara e as historias por mais diferentes que sejam sempre tem algo em comum. No meu caso, disse a ela, consegui perceber algo muito positivo e sempre que tenho a noticia que outra pessoa descobriu o cancer, corro logo para dizer a ela exatamente como me sinto. "A doenca e punk; e triste e horrivel, mas tem algo de muito positivo. Voce vai se sentir envolto numa enorme nuvem de carinho e amor, vai se sentir confortado e amado como nunca antes, em nenhuma circunstancia, entao respire fundo e deixe-se envolver, deixe-se levar e permita que toda esta vibracao positiva chegue ao seu coracao e se transforme em energia transformadora e curativa. Esta e a grande chance de fazer do limao uma deliciosa limonada e a maior chance que alguem tera de passar sua vida a limpo. Nao a desperdice."
E exatamente o que tento fazer. Nem sempre tenho sucesso, as vezes me deixo levar por tolices e coisas sem importancia, mas estas paradas para respirar, para pensar na minha historia servem para me lembrar do efeito que a pancada teve em mim. E mais, servem como um eterno puxao de orelha, um enorme empurrao para que eu leve a vida que sempre sonhei pra mim e que tantas vezes nem acho possivel.
Entao e por estas e outras que empresto a minha cara, as minhas palavras e os meus sentimentos a esta causa. Espero que historias como a minha e tantas outras levem um pouco de esperanca aqueles que as vezes nao tem nenhuma. Estas mesmas historias servem tambem a mim mesma, quando sinto medo, quando penso em fraquejar, entao olho para o lado, respiro fundo e sigo em frente, e me esqueco do meu medo, nem que seja so por um segundo.
January 14, 2010
Cheguei
Cansada depois da maratona casa-aeroporto-escala em SP-aeroporto-casa, mas cheguei. Apesar da neve no chão, faz sol por aqui. Gatos vivos, plantas idem. Muita roupa para lavar e muito trabalho pela frente.
Dizem que o melhor da viagem é voltar para casa, mas o que acontece quando se tem duas casas? Não só duas casas, mas duas vidas, duas existências e dois universos paralelos que se completam e às vezes se anulam...
Dilema meu que me acompanha há tantos anos. Não parece ter solução. Melhor me acostumar com ele... É a vida de expatriado, de imigrante, gente que vive eternamente dividida. Umas horas o pêndulo puxa para um lado, outras horas, nos leva para o outro. Ultimamente tem me puxado muito mais para o Brasil do que para os Estados Unidos. Ironia, logo agora que moro aqui...
Dizem que o melhor da viagem é voltar para casa, mas o que acontece quando se tem duas casas? Não só duas casas, mas duas vidas, duas existências e dois universos paralelos que se completam e às vezes se anulam...
Dilema meu que me acompanha há tantos anos. Não parece ter solução. Melhor me acostumar com ele... É a vida de expatriado, de imigrante, gente que vive eternamente dividida. Umas horas o pêndulo puxa para um lado, outras horas, nos leva para o outro. Ultimamente tem me puxado muito mais para o Brasil do que para os Estados Unidos. Ironia, logo agora que moro aqui...
January 11, 2010
Despedida
Em menos de 24 horas deixo o Rio, a minha família, meus melhores amigos e este calorão do qual jamais reclamo. Acho que combina mais comigo. Depois de muitos anos indo e vindo, sinto que apesar dos pesares, combino mais com o Rio do que com os lindos suburbs cenários dos filmes americanos.
O Rio é mais caótico, mas ao mesmo tempo é mais real. Achei engraçado outro dia quando a minha mãe perguntou ao Blake o que ele achava da minha cidade e ele respondeu com um só adjetivo: "raw". "Como assim 'cru'?," indagou a minha mãe. Ela ficou meio sem entender mas eu não posso concordar mais com ele. Ao contrário das cercas de madeira branca e das gramas perfeitamente aparadas, a vida no Rio é o que é, é sem máscaras, sem arestas papradas, sem verniz. A vida aqui é caótica, é frustrante e revoltante às vezes, mas é real.
E como escritora, a realidade quanto mais absurda, mais me interessa, acho que é por isto que quando longe sinto falta de casa. E na falta do caos externo, crio um dentro de mim e assim parece que sempre estou sempre por perto...
O Rio é mais caótico, mas ao mesmo tempo é mais real. Achei engraçado outro dia quando a minha mãe perguntou ao Blake o que ele achava da minha cidade e ele respondeu com um só adjetivo: "raw". "Como assim 'cru'?," indagou a minha mãe. Ela ficou meio sem entender mas eu não posso concordar mais com ele. Ao contrário das cercas de madeira branca e das gramas perfeitamente aparadas, a vida no Rio é o que é, é sem máscaras, sem arestas papradas, sem verniz. A vida aqui é caótica, é frustrante e revoltante às vezes, mas é real.
E como escritora, a realidade quanto mais absurda, mais me interessa, acho que é por isto que quando longe sinto falta de casa. E na falta do caos externo, crio um dentro de mim e assim parece que sempre estou sempre por perto...
January 7, 2010
Férias
Ando sumida do blog porque o mundo real está ocupando todo meu tempo. Como não sei quando virei ao Brasil de novo, tento passar a maior parte do tempo perto de quem passo o ano todo longe.
Consegui ver a maior parte dos amigos e a família, conseguimos ir a Foz do Iguaçu, um lugar mágico que há tempos estava nos meus planos e resolver umas coisinhas por aqui. Ainda conseguimos assistir Avatar em 3D, que é simplesmente o máximo! E olha que eu não sou chegada a filmes Sci-Fi.
Como me restam poucos dias para curtir o Rio e os cariocas, acho que o próximo post só vai sair no dia 13 de janeiro, quando voltarmos para a geladeira. Não gosto nem de pensar no assunto...
Consegui ver a maior parte dos amigos e a família, conseguimos ir a Foz do Iguaçu, um lugar mágico que há tempos estava nos meus planos e resolver umas coisinhas por aqui. Ainda conseguimos assistir Avatar em 3D, que é simplesmente o máximo! E olha que eu não sou chegada a filmes Sci-Fi.
Como me restam poucos dias para curtir o Rio e os cariocas, acho que o próximo post só vai sair no dia 13 de janeiro, quando voltarmos para a geladeira. Não gosto nem de pensar no assunto...
January 1, 2010
Feliz 2010!!!!
Houve um tempo que eu não gostava das festas de final de ano. No Natal, sempre pensava naqueles que não tinham nada, nos que sofriam, nos que eram destituídos daquilo que é mais básico: amor, saúde, moradia e esperança. Com o passar do tempo e as pedras que fui encontrando no caminho, Natal para mim passou a ter um significado muito especial. Quando estava doente, sempre imaginava o próximo Natal, livre de hospitais, cirurgias e preocupações, exatamente como foi o deste ano, que ainda contou com duas bebezinhas lindas e um Papai Noel muito gente boa, que topou encarar uma roupa para lá de quente num calor carioca de quase 40C. É nestas horas que a gente vê que tem gente que tem coração de criança...
Se o Natal tem que ser passado em família, o Ano Novo é sempre junto dos amigos, numa farra muito civilizada, mas animada e cheia de vibrações positivas. A noite de ontem foi muito legal, cercada de alguns dos mesmos amigos que estavam comigo dias antes da segunda e última cirurgia de fígado, criando um círculo de orações e energias positivas que me acompanharam durante os dias que se seguiram.
É difícil não se emocionar quando se pensa que há apenas dois anos eu rezava e implorava a Deus que me concedesse mais tempo por aqui... Na última semana, entendi exatamente o motivo: é muito bom se confraternizar com quem se ama. Sinto que além do Blake, há várias pessoas especiais na minha vida que me acompanham na alegria e na doença, na saúde e na tristeza. E esta sensação é maravilhosa.
Que em 2010 eu consiga conservar apesar da distância e do tempo estas relações maravilhosas que tornam a vida tão mais interessante, que fazem tudo valer tão mais a pena e que ainda haja espaço no meu coração e no coração dos meus amigos para acolher mais gente querida.
As fotos do post significam abundância e renovação, que é tudo que eu espero para 2010. Vejo nas fotos também a presença de Deus e espero que Ele acompanhe a cada um dos meus amigos, até aqueles que dizem não crer nEle.
Que 2010 seja o meu, o seu, o nosso ano! O primeiro ano do resto de nossas vidas!
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