October 2, 2010

Eleiçoes - Por que me importo?

Não gosto de política e evito falar no tema aqui, simplesmente porque respeito a opinião alheia e, mais do que isto, detesto comprar briga desnecessária, principalmente via internet. Não gosto de política, mas não sou indiferente. Tenho minhas convicções e posicionamentos e não tenho motivos para deixar de expô-los quando julgo necessário.

Volta e meia, quando digo que estou decepcionada com a política brasileira e entristecida com as opções que nós eleitores temos, alguém me pergunta por que eu ainda me importo, afinal moro nos Estados Unidos, sem previsão de volta e tenho cidadania espanhola que me permite morar e trabalhar não só na Espanha mas praticamente em toda a Europa. Em poucos meses também terei meu passaporte americano. Sendo assim, "sem pátria não fico," me garantem eles.

Só que na prática a coisa não é bem assim. Ao contrário de alguns brasileiros que não sentem a menor ligação com o país onde nasceram, tenho um laço muito forte com o Brasil e rezo sempre para que nosso país se torne cada vez mais um lugar melhor para todos os brasileiros. Me importo com o que acontece lá sim; tenho família e amigos lá, tenho investimentos lá, e acima de tudo, acredito no Brasil. Tenho sorte de ter um marido que compartilha destes planos, que ama meu país, aprende português e acha o máximo batizar o filho de Joaquim!

Quando vejo um cenário político nebuloso, quando candidatos mostram claramente que têm planos de poder e não de governo, fico muito preocupada. Quando vejo campanhas políticas pautadas em demagogia e ausentes de conteúdo, fico desanimada. Quando vejo debates fracos e candidatos despreparados, fico descrente. E é isto que tenho visto ultimamente...

Apesar de tudo, sou contra o voto de protesto, pois apesar de ser o caminho mais fácil, nos torna cúmplices do desrespeito à cidadania no nosso país. As opções atuais ficam longe de ideais, mas nem por isto pregaria a alienação. Em vez disto prego o voto consciente, pois só assim ficaremos livres de Tiriricas, Rorizes, Netinhos, Romarios e tantos outros, que já provaram não honrar o papel de representantes do povo. São desqualificados. Há uma linha tênue entre a democracia e o deboche, e o último jamais deve ser tolerado.

Espero que amanhã o povo compareça em peso às urnas e exerça seu direito de voto. Este ano infelizmente vou ter que justificar o meu, pois por conta dos enjoos dos primeiros meses de gravidez perdi o prazo de transferência do título para Washington.

Ao contrário do que muita gente que se esquiva deste dever, estou triste. Nos meus últimos anos no Brasil, não só votei, mas presidi sessões eleitorais em cada eleição. E depois de cada dia de votação, sentia uma estranha sensação de dever cumprido, de pelo menos estar fazendo a minha parte, por menor que ela fosse. Então amanhã vai ser um dia triste para mim, simplesmente por não estar exercendo plenamente meu papel de cidadã brasileira, do qual sempre me orgulhei.

Aos que me perguntam por que eu ainda me importo, a resposta é simples: quero poder sempre voltar para casa, um luxo que meus amigos venezuelanos, iranianos e cubanos, por exemplo, hoje não têm.

2 comments:

Jackie said...

Dani,
Vc é a primeira pessoa que conheço que concorda comigo, ou seja, pensa que trabalhar nas eleições é fazer algo pelo país.
Sempre dizia que era melhor eu, que era solteira e sem filhos, estar lá do que uma pessoa com família.
Beijos

Roy Frenkiel said...

Obrigacao civil, certamente. Quanto a ter medod e voltar ao pais, nao acredito que esse medo seja fundado na logica pragmatica do sistema brasileiro politico. Justamente por isso Lula nao foi Chavez, Morales ou Ahmadinejad, nao importa o quanto dizia gostar deles.

bjx

RF