June 14, 2011

Mães e mães...

Ontem uma amiga minha me ligou para dizer que está pensando em tirar a filha da creche porque eles não estão seguindo o currículo. Além disto, parece que ela anda chorando bastante lá. Antes que me perguntem, a filha dela tem exatamente a idade do Joaquim, ou seja, seis meses.

Vocês devem estar achando estranho o motivo pelo qual ela pensa em desistir da creche, afinal que currículo pode ser implementado com bebês de seis meses? Minha amiga reclama que tudo que eles fazem lá é trocar fralda, dar mamadeira e colocar para dormir. Pela grana que a gente paga ela quer mais. Está pensando em babá, mais precisamente, nanny share, ou seja, vai dividir o tempo e o salário da babá com uma outra amiga nossa. Cada um sabe de si, mas se achar uma supernanny que vai estimular seu filho 24 horas por dia com um currículo didático cinco estrelas vai ser difícil, imagina dividi-la com uma outra pessoa? Pode ser...

Esta segunda amiga também está meio receosa de colocar a filha na creche e quando foi fazer a matrícula, perguntou detalhadamente sobre cada procedimento utilizado na creche: Se o bebê chorar,o que fazem? Quanto tempo deixam a criança chorar? Qual é a rotina diária dos bebês? Que horas comem? Que tipo de atividade desenvolvem? Como são avaliados, etc., etc...

Então parei para pensar e cheguei à seguinte conclusão: ou elas são exigentes demais ou eu sou de outro planeta. Quando estava grávida e visitei 13 creches nas redondezas, fiz várias perguntas, mas mais importante foi o tempo que passei em cada estabelecimento e a "vibe" que senti quando conversei com cada pessoa. Claro que estava procurando obter o máximo de informação, mas não era só isto. Minhas perguntas não foram específicas ou exigiam respostas certas ou erradas. Conversei horas com todo o staff, não só sobre crianças, metodologias, currículos, mas sobre a vida delas, o trabalho delas, o que elas queriam fazer no futuro ou o que fariam no fim de semana. Enquanto isto, observei tudo ao meu redor, desde a fisionomia das crianças até o ambiente. Abandonei meu checklist pela metada, anotei algumas coisas de um modo bem vago, mas do meu jeito acabei tendo as respostas que queria.

Escolhi a primeira creche que visitei, que nãe é a mesma creche das minhas amigas. Simpatizei de cara, mas apesar de uma forte intuição, a repórter dentro de mim continuou a apurar a matéria, checar todas as fontes, até tomar a minha decisão. Até hoje não me arrependi. Sinto que o Joaquim gosta de estar lá, é muito estimulado e tratado com muito carinho. Assim como eu. Lá, ele desenvolve atividades que sequer passariam pela minha cabeça de mãe de primeira viagem. Elas também me dão muitas dicas, sobre a rotina dele, alimentação e atividades preferidas. Sempre que vamos buscá-lo ele está feliz, apesar de exausto.

Claro que quero que ele seja bem tratado e amado, mas acho que chorar às vezes faz parte da vida, que nem sempre a gente vai ter tudo que quer a hora que quer, então é bom ir se acostumando com isto. Acho importante aprender a dividir, aprender a ceder e também a brigar pelo que é seu por direito. Acho imprescindível aprender a conviver. E por isto a ideia da creche me agrada, pois acho que esta experiência desde bebê pode ser muito positiva.

Quando chegamos em casa após um dia de trabalho, Blake, Joaquim e eu normalmente saímos para uma caminhada ou brincamos no chão. É impressionante ver como nosso filhote muda tão depressa e a cada dia que passa ficamos mais encantados de ver tudo que ele pode fazer. Procuro aproveitar ao máximo cada momento com ele...eu sei, o tempo passa rápido demais.

Às vezes tenho crises de consciência e acho que deveria ser mais como as minhas amigas, mais preocupada, mais detalhista. Então reflito e entendo que a minha preocupação é outra. A minha maior preocupação é que o Joaquim seja independente, saiba cuidar de si mesmo. Claro que a minha intenção -- se Deus quiser -- é sempre estar por perto, mas é importante para mim que ele saiba (quando puder entender) que pode se virar sozinho e que seja auto-confiante! Talvez seja pela minha experiência de vida, mas sou muito consciente da minha mortalidade, do meu tempo finito aqui, então me preocupo em amar meu filho, em primeiro lugar, mas além disto, minha grande preocupação é prepará-lo para a vida. Desde já.

8 comments:

Luciana Bordallo Misura said...

Eu morro de rir com essa historia de "curriculo" em creche. Mas eles tem que atender a todos os tipos de pais ne...tem gente que acha que o bebe precisa de curriculo desde pequenininho, eu nao sou assim, voce tb nao, mas as suas amigas nao estao satisfeitas. Acho que muita gente precisa disso pra justificar o fato de deixar o fiho na creche, de pagar um dinheirao, a creche tem que "mostrar servico" e oferecer algo "melhor" do que os pais poderiam dar em casa. Enfim. Como uma amiga minha estava me contando por telefone semana passada, ela escolheu uma creche super bacana pra filha e a menina simplesmente fazia um escandalo pra ir todos os dias. Agora mudou de creche e vai feliz...no final das contas e isso que importa.

Dani said...

Lu,
Isto é a mais pura verdade. Minha amiga agora disse que vai esperar para colocar a filhtoa de volta no toddler program porque eles oferecem aula de tênis. :) Estou superfeliz com a creche do Joaquim. A única coisa que me faria pensar em trocar de creche no momento era achar uma que oferecesse aulas de português!
Beijos

A menina e os pensamentos said...

Escolhi a creche do Miguel pela energia e pelo olhar das pessoas que encontrei lá. Meu filho entra feliz e sai de lá feliz. Chora de vez em quando? Sim,a gente também tem nossos dias "Não" porque nossos bebês tem que estar sempre bem dispostos? É natural. Devo concluir, então, que sou o mesmo tipo de mãe que vc: a que quer preparar o filho pro mundo e que ele aprenda que as nem sempre as coisas são como queremos. Sou do tipo que quer ver o filho feliz! Beijos, Dani!

Anonymous said...

Vou passar seus textos a minha irma, que ano passado foi mae de primeira viagem, e esse mes sera mae de segunda rsrs.

Bjx

Roy

Dani said...

Paula,
Então você é das minhas...Bom saber que o Miguel está feliz lá.
Beijos

Dani said...

Roy,
Como assim, ano passado foi mãe de primeira e este mês, será mãe de segunda?! Esta é corajosa...como a minha irmã! Ela está no Brasil ou nos States?
Beijos

Margot said...

Mais um texto ÓTIMO!! Clap clap clap!!! Concordo em gênero. número e grau :-)

Cristina said...

Adorei! Minha irmã escolheu para a Paloma a creche que a sogra dela fundou e que as pessoas que estão lá foi ela que contratou, ainda que não continue na sociedade. Uma delas leva a Paloma para casa, tem até chave e de ônibus. Minha irmã não tem medo - prepara ela para a vida. Como você c/ bo Joaquim.