March 30, 2010

Hospital

Hoje, como tive que ir a Baltimore, resolvi passar a manha no hospital da Universidade e ver meus amigos.

A primeira surpresa foi encontrar a Dawn, que ja de alta ha tres semanas, estava la para fazer exame de sangue. Nunca vi familia tao positiva na minha vida... Ela, os pais e as irmas estao sempre sorrindo apesar das duzias de limoes que a vida lhes tem oferecido. Ela fez praticamente dois transplantes de medula e passou seis meses internada e o sobrinho de sete anos ja teve cancer duas vezes, entao ele e que vive dando conselhos a ela.

Hoje ela estava la com o pai, um simpatia, os dois com semblante muito sereno, fazendo planos de finalmente ter um feriado em familia. Ela vai para a casa dos pais na Virginia no fim da semana e a irma vem visita-los da Carolina do Sul.

Elizabeth e eu resolvemos esperar pelos resultados com ela, rezando e tentando distrai-la para fazer com que o tempo passasse mais rapido. Felizmente, em poucos minutos a enfermeira a chamou e logo ela voltou com um sorriso enorme: tudo otimo, nenhum sinal da doenca.

Respiramos todos aliviados e nos despedimos de Dawn e de seu pai que sairam mais aliviados ainda e prontos para merecidas ferias.

Depois resolvi dar uma passada para ver o Mario, um boliviano-americano que tem uma raca como nunca vi. Tipica historia de imigrante neste pais, bom filho, bom irmao, trabalhador, mas seu quadro e muito serio e a sinceridade dele desarma qualquer um. Ele e muito consciente mas ao mesmo tempo tem uma garra e uma esperanca enormes, que tenho certeza, o mantem vivo.

Apesar do quadro triste, ganhei o dia. Olhando para mim e para Elizabeth, ele disse: "Muito obrigada pela visita. Voces nao sabem o bem que me fazem cada vez que entram aqui, cada vez que vejo voces meu coracao fica cheio de alegria e me encho de esperanca." Segurei as lagrimas para nao desabar.

E incrivel como o paciente percebe quando as pessoas ao seu redor desistem dele. Lembro que o Todd dizia a mesma coisa, que os medicos pouco apareciam e quando apareciam pouco diziam. O Mario diz que desde que voltou do CTI muitas enfermeiras que entravam no quarto dele, agora nao o visitam mais. "Acho que elas tem medo nao ter o que me dizer," ele nos explicou...

E claro que eu sei que existe muita gente assim por ai e tambem entendo que cada um tem suas limitacoes, mas eu considero cada momento passado com pessoas como o Mario, como a Dawn e como o Todd, um tremendo privilegio, um aprendizado fora do normal.

E impossivel nao ser tocado la no fundo so de passar um minuto que seja ao lado de pessoas tao especiais. Quando tudo parece tao confuso e turbulento, sao pessoas assim que nos fazem encontrar de novo o nosso eixo.

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