Semana retrasada, fui convidada a falar para estudantes de uma escola aqui em Maryland. O convite inicial foi feito a minha COO, que por conta da agenda apertada, sugeriu que eu fosse em seu lugar. O assunto? A importância de falar uma língua estrangeira. O tópico aparentemente inofensivo, mas um tanto desinteressante para um monte de adolescentes, também me levou a uma certa crise existencial. Na semana que me preparava para a tal palestra, passou uma barca aqui na empresa, o que me deixou bastante chateada.
Encontrar inspiração quando não se está bem consigo mesma é um desafio e tanto, mas como convite já estava aceito, não tive outra alternativa. A professora de espanhol e seus alunos de três turmas diferentes me aguardavam. Não gosto de falar para muita gente. Odeio PowerPoint. Detesto ficar escreva de slides. Não suporto me sentir amarrada a um discurso ensaiado. Não consigo memorizar palestras. Fico nervosa e me sinto engessada. Sou viciada em adrenalina. Stress é meu combustível.
Já sabia que não ia preparar nada muito detalhado, mas queria ter ao menos uma ideia geral do que dizer para os adolescentes. E foi então que, a pedido da professora, comecei a separar umas fotos dos programas que temos nos mais de 20 países onde trabalhamos. E mexendo nas minhas coisas, descobri também algumas fotos bem turísticas. Foi aí que surigiu o conceito principal da coversa: quando viaja, você pode se contentar só com a superfície ou pode querer aprofundar a sua experiência. Você pode se contentar só com as fotos de cartão postal, ou preferir bater um papo com as pessoas daquele lugar e tentar imaginar como seria um dia na vida deles.
Não há nada de errado com nenhuma das opções, mas como sou bisbilhoteira e ganho a vida contando histórias, para mim não há cartão postal no mundo que seja mais importante que uma conversa com alguém que viva naquele país. Praia bonita, paisagem perfeita, tem em todo lugar, o que faz um país deiferente do outro é o ser humano e como ele transforma sua realidade. E isto a gente só pode descobrir se fala a língua dele. Como disse Nelson Mandela, If you talk to a man in a language he understands, that goes to his head. If you talk to him in his language, that goes to his heart.
A palestra deveria durar meia hora, mas a conversa acabou durando quase uma hora e meia. Os alunos tinham muitas perguntas e muitas experiências para trocar, apesar da pouca idade. E no final, saí de lá pensando que apesar do meu cinismo inicial, a minha vida teria sido completamente diferente se não falasse outro idioma. Aliás, a vida que tenho hoje simplesmente não seria possível. Desde o meu primeiro emprego, guia da Amsterdam Sauer, até obviamente meu emprego atual, todas as oportunidades que tive, desde os 15 anos, chegaram a mim por causa da fluência num idioma estrangeiro. Isto sem falar nas pessoas que conheci, nos amigos que fiz e no homem com quem me casei. Então talvez o esforço de aprender um idioma não se traduza em cifrões ou em milhões na minha conta bancária, mas representa uma imensa satisfação pessoal, e mais do que isto, me permite viver fazendo o que gosto e ainda por cima sendo paga por isto.
E assim aquilo que começou com o outro em mente, acabou sendo uma viagem para dentro de mim mesma. A palestra seria uma atividade educacional para estudantes de middle school em Maryland, mas quem aprendeu uma grande lição fui eu.
March 27, 2012
March 15, 2012
Finalmente Caminhando
Custou bastante, mas o Joaquim finalmente está andando para todo lado. Anda com passos largos e firmes, quase não cai (também praticou bastante!), mas os braços, ah os braços fazem a gente morrer de rir. Outro dia quando o deixei na creche, a professora foi logo falando, "Olha que lindo! Ele está andando igual ao Frankenstein!" Olhei com mais cuidado, e não é que ela estava certa? os bracinhos dobrados para cima e as mãozinhas esticadas...o próprio Frankestein! Mas o Frankenstein mais fofo do mundo!
O Joaquim andou bem tarde, assim como eu. Além de ser expert para engatinhar -- desafio qualquer um a apostar uma corrida com ele, o pequeno ganha no ato -- percebemos que ele também é bastante cauteloso. Até mesmo ao subir e descer as escadas de casa -- que ele faz desde uns nove meses -- ele estuda todos os movimentos meticulosamente e só assim avança. Aprendeu a subir e descer sozinho, depois de muita prática e -- queira Deus que continue assim -- sem nenhum tombo.
Ele engatinhou relativamente cedo, aos sete meses, e acho que justamente por isto, nãotinha muito interesse em caminhar. A gente o colocava de pé, ele dava um passinho tímido e logo se jogava de joelhos. Depois até andava segurando nos móveis, mas assim que decidia que queria ir a algum lugar, percebia que de joelhos chegaria bem mais rápido.
Agora sinto que estamos numa nova fase, o pessoal aqui chama de "Walking Waka", que é o apelido dele na creche. Gavetas, armários, máquinas de lavar pratos e roupas que se cuidem...
O vídeo é de quase um mês atrás, agora ele nem aceita mais que a gente dê a mão...
March 5, 2012
Mitância na Maternidade
Ontem tive um sonho meio estranho. Não me lembro bem dos detalhes, mas tinha a ver com maternidade e com caretice, ao mesmo tempo. Acho que eu me queixava de não fazer parte das listas VIPs ou de não ser mais convidada para eventos bacanas pelo fato de ser mãe. Paranóia, eu sei.
Será que mudei tanto assim depois que meu filho nasceu? Será que deixei de ser contectada e bem relacionada para virar matrona? Sempre tive dificuldade de me encaixar em papéis específicos ou rótulos. Sempre tive interesses diversos demais, opiniões conflitantes demais e vontades demais para poder ser só uma coisa, para explorar um só caminho. Com a maternidade não poderia ter sido diferente. Sim, este é o papel mais importante que desempenho, mas certamente não o único, e é por isto que às vezes me sinto meio peixe fora d’água aqui.
Parece que a palavra mãe acabou se tornando sinônimo de militante. Coisas que minha avó e minha mãe encararam normalmente ao longo dos anos, aqui viram motivos de discussão acalorada. Outro dia, um grupo inflamado no Facebook reclamava e exigia que o Facebook se retratasse por não deixar que usuários colocassem fotos mais explícitas de bebês sendo amamentados. Tudo bem, amamentação está longe de ser pornográfia, mas me pergunto por que alguém tem tanta necessidade de colocar fotos desta natureza na internet?! Salvo o caso de fotos ilustrativas e educacionais, que ensinem a mulher a amamentar melhor seu filho, obviamente. Fotos de mães amamentando seus filhos são lindas, mas também são extremamente íntimas. E cá entre nós, duvido muito que seus 500 amigos do Facebook – que incluem o chefe, o pessoal da academia e os vizinhos – realmente tenham grande interesse por este tipo de foto. Coisa mais estranha.
Longe de mim criticar quem amamenta! Quer amamentar seu filho até os 10 anos, maravilha. Eu amamentei o meu enquanto pude. Mas por que de repente um ato tão simples e íntimo agora passa a ser parte das manchetes dos jornais? Entendo que querer fazer o melhor par ao seu filho é o dever de toda mãe, mas querer receber medalha de honra ao mérito por fazer o que mulheres fazem desde que o mundo é mundo é um pouco demais.
Esta história de sou mãe-leoa, escutem meu rugido, já deu o que tinha que dar... Só sei que tanto ativismo e tanta militância me dão arrepios. Passo longe destas mães profissionais. Tenho medo de abrir a boca em parquinhos onde elas trocam receitas de como fazer lenços umedecidos em casa ou metem o pau nas mães que usam mamadeira.
Quando decidi que queria ser mãe não estava em busca de um novo rótulo para me definir, uma nova causa para abraçar, ou uma nova identidade para assumir. Queria apenas trazer um serzinho especial para este planeta e procurar dar a ele o melhor de mim. Só isso.
Será que mudei tanto assim depois que meu filho nasceu? Será que deixei de ser contectada e bem relacionada para virar matrona? Sempre tive dificuldade de me encaixar em papéis específicos ou rótulos. Sempre tive interesses diversos demais, opiniões conflitantes demais e vontades demais para poder ser só uma coisa, para explorar um só caminho. Com a maternidade não poderia ter sido diferente. Sim, este é o papel mais importante que desempenho, mas certamente não o único, e é por isto que às vezes me sinto meio peixe fora d’água aqui.
Parece que a palavra mãe acabou se tornando sinônimo de militante. Coisas que minha avó e minha mãe encararam normalmente ao longo dos anos, aqui viram motivos de discussão acalorada. Outro dia, um grupo inflamado no Facebook reclamava e exigia que o Facebook se retratasse por não deixar que usuários colocassem fotos mais explícitas de bebês sendo amamentados. Tudo bem, amamentação está longe de ser pornográfia, mas me pergunto por que alguém tem tanta necessidade de colocar fotos desta natureza na internet?! Salvo o caso de fotos ilustrativas e educacionais, que ensinem a mulher a amamentar melhor seu filho, obviamente. Fotos de mães amamentando seus filhos são lindas, mas também são extremamente íntimas. E cá entre nós, duvido muito que seus 500 amigos do Facebook – que incluem o chefe, o pessoal da academia e os vizinhos – realmente tenham grande interesse por este tipo de foto. Coisa mais estranha.
Longe de mim criticar quem amamenta! Quer amamentar seu filho até os 10 anos, maravilha. Eu amamentei o meu enquanto pude. Mas por que de repente um ato tão simples e íntimo agora passa a ser parte das manchetes dos jornais? Entendo que querer fazer o melhor par ao seu filho é o dever de toda mãe, mas querer receber medalha de honra ao mérito por fazer o que mulheres fazem desde que o mundo é mundo é um pouco demais.
Esta história de sou mãe-leoa, escutem meu rugido, já deu o que tinha que dar... Só sei que tanto ativismo e tanta militância me dão arrepios. Passo longe destas mães profissionais. Tenho medo de abrir a boca em parquinhos onde elas trocam receitas de como fazer lenços umedecidos em casa ou metem o pau nas mães que usam mamadeira.
Quando decidi que queria ser mãe não estava em busca de um novo rótulo para me definir, uma nova causa para abraçar, ou uma nova identidade para assumir. Queria apenas trazer um serzinho especial para este planeta e procurar dar a ele o melhor de mim. Só isso.
March 1, 2012
Tudo bem...
A semana foi tão puxada que nem tive tempo de vir aqui e agradecer as orações e os pensamentos positivos de todo mundo.
Minha consulta em Hopkins foi perfeita e melhor do que eu esperava. O médico estava tão otimista que chegou a aventar possibilidade de espaçar mais as consultas semestrais. Eu, de cara, protestei! Acho que devo ser a única paciente que faz ressonância magnética com contraste sem reclamar, mas como gato escaldado tem medo de água fria, pedi para continuar indo lá na mesma frequência. Ele aceitou e disse que de repente ano que vem, a gente espaça... Por mim, não!
De qualquer jeit, respiro bem mais aliviada e agora já posso continuar a planejar férias, projetos no trabalho e mil e uma atividades sem aquele medo inrustido. Este mesmo medo, que é meu companheiro de viagem incoveniente, ao mesmo tempo me faz dar valor as pequenas coisas da vida, a contar cada uma das bêçãos recebidas.
E depois de mais uma vitória, só posso dizer, graças a Deus!
Minha consulta em Hopkins foi perfeita e melhor do que eu esperava. O médico estava tão otimista que chegou a aventar possibilidade de espaçar mais as consultas semestrais. Eu, de cara, protestei! Acho que devo ser a única paciente que faz ressonância magnética com contraste sem reclamar, mas como gato escaldado tem medo de água fria, pedi para continuar indo lá na mesma frequência. Ele aceitou e disse que de repente ano que vem, a gente espaça... Por mim, não!
De qualquer jeit, respiro bem mais aliviada e agora já posso continuar a planejar férias, projetos no trabalho e mil e uma atividades sem aquele medo inrustido. Este mesmo medo, que é meu companheiro de viagem incoveniente, ao mesmo tempo me faz dar valor as pequenas coisas da vida, a contar cada uma das bêçãos recebidas.
E depois de mais uma vitória, só posso dizer, graças a Deus!
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