Ontem tive um sonho meio estranho. Não me lembro bem dos detalhes, mas tinha a ver com maternidade e com caretice, ao mesmo tempo. Acho que eu me queixava de não fazer parte das listas VIPs ou de não ser mais convidada para eventos bacanas pelo fato de ser mãe. Paranóia, eu sei.
Será que mudei tanto assim depois que meu filho nasceu? Será que deixei de ser contectada e bem relacionada para virar matrona? Sempre tive dificuldade de me encaixar em papéis específicos ou rótulos. Sempre tive interesses diversos demais, opiniões conflitantes demais e vontades demais para poder ser só uma coisa, para explorar um só caminho. Com a maternidade não poderia ter sido diferente. Sim, este é o papel mais importante que desempenho, mas certamente não o único, e é por isto que às vezes me sinto meio peixe fora d’água aqui.
Parece que a palavra mãe acabou se tornando sinônimo de militante. Coisas que minha avó e minha mãe encararam normalmente ao longo dos anos, aqui viram motivos de discussão acalorada. Outro dia, um grupo inflamado no Facebook reclamava e exigia que o Facebook se retratasse por não deixar que usuários colocassem fotos mais explícitas de bebês sendo amamentados. Tudo bem, amamentação está longe de ser pornográfia, mas me pergunto por que alguém tem tanta necessidade de colocar fotos desta natureza na internet?! Salvo o caso de fotos ilustrativas e educacionais, que ensinem a mulher a amamentar melhor seu filho, obviamente. Fotos de mães amamentando seus filhos são lindas, mas também são extremamente íntimas. E cá entre nós, duvido muito que seus 500 amigos do Facebook – que incluem o chefe, o pessoal da academia e os vizinhos – realmente tenham grande interesse por este tipo de foto. Coisa mais estranha.
Longe de mim criticar quem amamenta! Quer amamentar seu filho até os 10 anos, maravilha. Eu amamentei o meu enquanto pude. Mas por que de repente um ato tão simples e íntimo agora passa a ser parte das manchetes dos jornais? Entendo que querer fazer o melhor par ao seu filho é o dever de toda mãe, mas querer receber medalha de honra ao mérito por fazer o que mulheres fazem desde que o mundo é mundo é um pouco demais.
Esta história de sou mãe-leoa, escutem meu rugido, já deu o que tinha que dar... Só sei que tanto ativismo e tanta militância me dão arrepios. Passo longe destas mães profissionais. Tenho medo de abrir a boca em parquinhos onde elas trocam receitas de como fazer lenços umedecidos em casa ou metem o pau nas mães que usam mamadeira.
Quando decidi que queria ser mãe não estava em busca de um novo rótulo para me definir, uma nova causa para abraçar, ou uma nova identidade para assumir. Queria apenas trazer um serzinho especial para este planeta e procurar dar a ele o melhor de mim. Só isso.
No comments:
Post a Comment