Semana passada fui com a minha irmã levar as meninas ao pediatra. Consulta importante: uma ano da Giovanna e dois anos da Chiara. Já tinha sido devidamente avisada de que veria cenas fortíssimas, mas chegando lá percebi que a coisa ia ser pior do que imaginava. Já da porta do elevador, as duas mudaram completamente o comportamento e ao entrarem no consultório do médico, começaram a se queixar... Um chorinho daqui, uma empacadinha dali. Vi que não ia ser fácil.
Resumindo, na hora do exame, a cena foi uma mistura de O Exorcista com Bebê de Rosemary. As duas berravam, aliás urravam, e se debatiam o tempo inteiro. A Giovanna, que normalmente é uma fofinha, ficou tão enfurecida que decidiu manifestar seu ódio fazendo xixi na maca inteira do médico. Mesmo sendo contida por quatro pessoas, conseguiu se virar na hora da injeção. Verdade seja dita, o pânico era tanto que na hora da picada elas nem sentiram nada. Claro que separamos as duas para que uma não visse a consulta da outra, mas o pânico foi o mesmo. Até eu tive que segurar o choro. Mas o bom é que logo depois, passado o susto, elas já riam e brincavam. Eu agora já tenho uma vaga ideia do que me espera.
Mas logicamente fui a consulta com algumas dúvidas em mente e o médico, quando soube que eu morava em Maryland ficou um pouco curioso -- ele tinha passado um período em... Johns Hopkins! Na hora, expressei minha dúvida sobre a possibilidade da circuncisão, até pouco tempo padrão nos EUA, e hoje um pouco mais debatida. Ele foi tachativo e disse na hora: "Faça. Há estudos que comprovam os benefícios." Chamou a secretária e pediu que ela me entregasse um panfleto com os dados aos quais ele se referia. Na hora.
Muito diferente da conduta de um colega americano, imaginei. A grande maioria dos médicos americanos -- por medo de processo ou coisa parecida -- jamais emite uma opinião tão definitiva. A resposta é mais ou menos a mesma independente da pergunta. "Há de se avaliar se os benefícios são maiores que os riscos e esta é uma decisão que só você pode tomar," é o que ouço sem parar. Por isto, na maioria das vezes já vou com a minha pesquisa feita, com a minha opinião mais ou menos formada só para ver se não estou redondamente enganada. Até agora, não aconteceu. Mas confesso que sinto falta de um médico que se expresse mais livremente. Quando perguntei ao pediatra brasileiro se os pais estavam circuncisando mais os filhos, ele disse. "Não sei, mas é o que eu recomendo sempre."
Conversamos também sobre a estrutura médicas americanas e de novo ele manifestou opinião. "Converse com a equipe e exija um médico na hora do parto. [Ele estava se referindo às midwives (ou parteiras altamente qualificadas) que fazem parto por lá. é direito seu e é mais segurança para você e seu bebê."
Concordo com ele e, apesar de respeitar as opiniões alheias, com a minha experiência de paciente, tenho a minha formada também: quero todo o aparato médico e toda a tecnologia ao meu lado. Não me importo em tentar fazer o parto normal, mas estou preparada para o que der e vier. Não quero parto sem anestesia! Deus me livre sentir dor a toa! Já sofri demais e acho que ser mãe e amar o filho não tem nada a ver com autoflagelo. Se a medicina demorou tantos séculos para ter tantos avanços, não serei eu a contestar a ciência, que depois de Deus, é o que possibilitou que tantos dos meus sonhos se tornassem realidade.
Entendo que agora vou ser invadida por um monte de dilemas e decisões a serem tomadas, mas aos poucos vou resolvendo isto. Como acredito que cada etapa da nossa vida serve para nos preparar para outra que vem no futuro, tenho certeza que aos poucos vou encontrar o melhor caminho.
9 comments:
Dani, vou te contar meu trick para fazer os medicos expressarem melhor suas opnioes. Eu sempre pergunto assim: se fosse sua irma ou sua esposa, o que voce aconselharia? Eles sempre caem nessa. rs
Beijos,
Tata.
PS: vc nao gostou do meu comentario sobre nome Joaquim? Mil desculpas se te chatou, nao foi a minha intencao mesmo! Sera que fo alguma discrepancia entre a palavra escrita/lida? Sabe quando vc escreve com uma entonacao, mas a pessoa do outro lado le com outra e muda totalmente o sentido da mensagem?
Meu carinho para vc, sempre.
Olá Dani tudo bem???
Lendo o coemço do seu post achei que vc estava falando de mim!!! Desde de criança tenho pavor a agulhas e quando era novinha fazia o mesmo escandalo que suas sobrinhas... Hj eu continuo com o mesmo pavor, porém não faço escandalos!!!
Nunca havia pensado na circuncisão, mas depois desse post se eu engravidar de um menino será um assunto a ser pensado...
Com relação ao parto normal tb quero muitoooo tentar, mas assim como vc não quero passar dor (pois não acho necessário).
Beijinhos.
Minha mãe diz que quem pecou foi Eva e portanto ela não precisava sofrer com as dores do Parto.
Nasci de cesariana, minha mãe não tinha dilatação, tinha Herpes e eu estava lindinha, prontinha e formada - e claro que já tinha dado indícios de querer sair uns 3 meses antes.
Infelizmente aqui estamos ficando mais americanizados no sentido ruim, tá numa moda de parto normal a qq custo que me irrita. Poxa, eu não gosto da idéia da parteira (sei que nos EUA elas não são como aqui) e quero uma equipe de médicos tb. Não vou ficar me enchendo de drogas para tentar ter um filho por um parto "normal" e arriscar a vida do bebê e a minha. E não é só o seu caso, eu acho que toda mulher tem que estar preparada pq ninguém sabe o que pode acontecer.
Eu digo que no fim das contas é o bebê que escolhe como vai nascer, ficam as mães se achando menos mães pq não tiveram parto normal e eu acho isso uma bobeira. Ser mãe é muito mais do que dar a luz, não? E se existe alguma chance de complicação pq ficar insistindo por horas e resultar em mais dor e sofrimento para a mãe?
Brinco com o Erick que eu se tivermos filhos e eles quiserem escorregar perna abaixo ok, eu não vou impedir, mas eu me recuso a ficar dias, horas, tomando remédio para aumentar a dilatação, colocando em risco o bebê - pq minha sobrinha teve parada cardíaca dentro do útero assim - para satisfazer fantasias e modismos. E por favor, na hora H eu quero DROGAS! =)
Até qdo fica no Brasil?
Beijocas linda! Depois eu quero ver umas fotos da barriga, viu?
Dani,
Não conheço a prática nos EUA, mas na "bota" a relação com os médicos é super distante, ao menos nas poucas experiências que tive.
Por isso tento deixar tudo o que se refira a médicos e exames para fazer no Brasil. Exceção só se não der mesmo para esperar.
Um beijo e, desde já, vou desejando "boa hora", pois daqui até a tal "hora", você vai concentrando boa energia...rsss.
Gaby
Como é bom encontrar profissionais que expressem suas opiniões! Mas eu não sabia que alguns médicos recomendavam circuncisão...
Na Espanha, os partos também costumam ser feitos por essas parteiras, nos hospitais. Mas concordo com você: quando eu for mãe, quero ter a assistência de um médico. E, se eu tiver que fazer cesárea, farei numa boa. O importante é a saúde da mãe e do bebê.
Beijos e ótima gestação.
Oi, Dani!
Sou uma das leitoras caladinhas que acompanha o seu blog a algum tempinho e queria te dar os parabéns pela sua gravidez e desejar muitas felicidades a vc, seu marido e a toda família!
Vc vai passar a sua gravidez no Brasil ou nos EUA? Vou adorar ler seus relatos, até porque, um dia, quem sabe também não decido ter o meu próprio pimpolho? :)
Beijos e felicidades!
oi, dani, é a alira
achei um blog de uma mamãe portuguesa o "saltos altos vermelhos" é uma graça, já nasceu a Sabrina, talvez seja interessante para voce o que se le por lá.
Olá Danielle
(espero ter escrito correctamente o nome hehe).
Vou um pouco atrazado no comentário mas resolvi faze-lo aqui, pois tenho andado em trabalhos com os batas brancas e quando aqui cheguei já havia outro post,hehe.
Resumindo (estou electrico)queria felicitá-la pelo rapazinho e tambem pela bela homenagem que quer fazer ao seu médico.
Engraçado minha filha tambem está grávida mas só para o mês que vem saberá se é boy or girl e nascerá para Dezembro.
QUE CONTINUE A CORRER BEM E QUE SEJA UMA HORA FELIZ É O MEU DESEJO SINCERO.
BJS
JORGE
Nossa, adorei os comentarios aqui!!! Gosto mesmo deste dialogo, meio Torre de Babel!
Tata, nao tinha visto ainda seu comentario sobre o nome, mas acho supervalido. Tambem pensamos no assunto, mas testei alguns colegas de trabalho e ninguem nem piscou "Joaquim, como Joaquin Phoenix," foi o que todo mundo disse na hora. Gostei, pra mim nao faz diferenca o som do "J", assim como nao tenho preferencia pela pronuncia do meu nome em portugues, ingles ou frances, acho otimo!
Debora, este horror aos poucos vai passando... Hoje eu consigo ate me injetar, coisa que sempre achei impossivel!
Silvia, voce disse tudo. Na hora de nascer, quem escolhe o parto e o bebe! A minha ginecologista no Rio, que agora atende minha irma e muitas amigas, reza da mesma cartilha. Assim como voce, penso que numa hora tao importante nao deve haver lugar para fanatismos.
Gaby, pois e, nao me conformo muito com esta distancia e faco o possivel para quebrar este gelo. Na maioria das vezes consigo, mas as vezes leva um tempao. Obrigada pelo carinho!
Liege,
Que legal ver voce por aqui. Pois e, longe de mim me desfazer do trabalho das parteiras, que tenho certeza sao muito competentes, mas na hora H, quero medico, anestesista, centro cirurgico e tudo que o seculo XXI pode me oferecer.
Fernanda,
Por questoes praticas, vamos ter o bebe aqui e sendo assim, fora uma viagem a trabalho que darei semana que vem, vou passar o resto de tempo nos States. Obrigada pelo carinho!
Alira,
Gostei da dica. Vou acompanhar sim, obrigada.
Jorge,
Meus parabens pelo netinho/a! Que bencao! Depois venha dizer se e menino ou menina. Obrigada pelo carinho de sempre!
Beijos a todos!
Post a Comment