September 10, 2012

Invejosa eu?

Não me considero uma pessoa invejosa. Fico muito feliz quando gente querida compra carro novo, ganha uma promoção no trabalho ou consegue realizar um sonho que acalenta há tempos. Mas hoje vou fazer uma confissão: tem uma coisa que me causa uma inveja absurda! Morro de inveja de gente prática, pragmática e decida! Gente que tem foco e objetivo e não olha para o lado até atingi-los.

Não que eu não tenha foco. Pelo contrário, tenho e muito. Também tenho ambição, quero crescer, melhorar, subir, etc. Mas por outro lado sou muito apegada a tudo e a todos. Tenho uma personalidade interessante e paradoxal: ao mesmo tempo que me canso da rotina, detesto mudanças radicais. me apego a coisas e pessoas com muita facilidade e a ideia de ficar longe delas me machuca demais. Eu sei, é coisa de maluco e me causa uma dor tamanha.

Sempre fui assim -- invento desafios e depois faço das tripas coração para concretizá-los. Desde pequena sabia que queria estudar fora -- não me pergunte o motivo -- eu só sabia que queria ser universitária num campus americano. Nada no Brasil me despertava grande interesse, eu queria a verdadeira "college experience." E tinha que ser na graduação, não podia ser pós porque aí perderia a graça. Consegui o que eu queria, mas o preço foi ficar longe da minha família durante a duração do curso. E foi barra, com 18 anos e bem filhinha de mamãe/papai, a saudade apertou bastante e várias vezes pensei em desistir e sair correndo pro colonho da mamãe. Mas sobrevivi e consegui terminar o curso superbem --  foi uma tremenda experiência. E lá se vão nada menos do que 20 anos!

Recentemente coisa parecida aconteceu. (E percebi que pouco havia mudado!) Andava meio instisfeita com meu trabalho,com os rumos da empresa e com a minha posição. Comecei a pensar em novos desafios, comecei a arrumar ao CV, mas sem grandes planos ou ambições. Então do nada, uma headhunter me liga com um CV de 2007 me perguntando se eu teria interesse numa vaga. Resolvi ir em frente mais para me preparar para uma futura oportunidade do que por vontade de conseguir o emprego propriamente dito.

Só que as coisas foram progredindo tão rapidamente que em pouco tempo me vi às voltas com uma excelente oferta. Qualquer ser humano normal estaria exultante. Menos eu, que passei as semanas seguintes aos prantos e sem dormir direito. Quem diria que meu desejo poderia ter se materializado tão rapidamente? Comecei a colocar condições, que foram totalmente atendidas, então acabei aceitando o convite, que é uma proposta muito legal.

Ao saber da minha iminente saída, o presidente da empresa ficou chocado, o que tornou as coisas muito mais complicadas para mim. Me pediu para ficar e conversou comigo por quase duas horas, dizendo que as coisas aqui iam mudar e que eu teria excelentes oportunidades. Quase entrei em parafusos. Em vez de aliviada por estar deixando um trabalho que já não me satisfazia completamente e estar partindo para uma oportunidade que, ao que tudo indica, vai me dar muito mais liberdade, fiquei arrasada. Chorava copiosamente cada vez que um colega de trabalho vinha conversar comigo. No meu atual emprego, fiz tantos amigos, conheci lugares bacanas, tanta gente legal...mas me sentia presa e sem esperança de movimento num futuro próximo.

A novela durou aproximadamente três semanas, mas este fim de semana resolvi que minha decisão seria final. Já empenhei minha palavra e a oportunidade me parece realmente boa, ainda que não tenha o apelo de salvar vidas na África ou na América Latina.

Vou ouvir um conselho de uma amiga muito bem sucedida e prática. Vou lá tentar, mas deixo as portas abertas aqui e mantenho o contato... É bom saber que posso voltar um dia.

9 comments:

Luciana Misura said...

Boa sorte na nova oportunidade! Cada um é de um jeito, não adianta, e não tem melhor ou pior...eu sou prática, não olho pra trás, e nunca vi nenhum problema nisso. Mas confesso que agora vendo a minha filha de 5 anos fazendo a mesma coisa eu achei meio chocante!

Dani said...

Lu,
Eu acho que gente prática sofre menos. Admiro este pragmatismo. Esta minha amiga do post às vezes é até criticada por isto, mas eu entendo e admiro esta postura. Engraçado você se surpreender com a atitude da Julia. Como diz uma outra amiga, que é psiquiatra infantil, a maternidade é bonita porque expõe as nossas vulnerabilidades. Torço para que o Joaquim seja prático, como o pai. Beijos

Monica Lima said...

Uau, parabéns! Claro que é sempre muito difícil dizer adeus para algo que a gente já estava tão acostumada, mas siga os seus instintos, eles nunca falham!
Beijo grande!

Ana said...

Dani, eu vivo um pouco o mesmo dilema que você. E vejo que meus colegas que trabalham em outras universidades, trocam de emprego como quem troca de camisa, pelas razoes que voce enumerou (incluindo possibilidade de promoção, salario, etc). O seu dilema infelizmente é um dilema muito feminino, de uma maneira "mulher" de ver as coisas, afinal se o seu old employer quisesse te guardar que fizesse uma boa contra-oferta ! Espero que a sua nova empresa seja ainda aqui nos arredores, vamos combinar um almoço outra vez, hora dessas. Beijo grande e muito boa sorte na nova empreitada.

Cristina said...

Dani, legal que está partindo para um novo desafio! Sucesso nele! Saiba que ser prática e objetiva assusta as pessoas, sofri muito sendo assim. Tempos que não vinha no seu blog (conheci Lorenzo sábado e eu e Michelle lembramos os velhos tempos - faltou você) bjs

Dani said...

Cris,
Já me disseram isto também... Mas juro que acho que a gente sofre menos sendo menos sentimental.
Que legal que você conheceu o Lorenzo! Pelas fotos ele parece um boneco!
Saudade de vocês e dos velhos tempos -- ando muito nostálgica ultmimamente.
Bjs

Anonymous said...

Que bom que voltou a escrever, Dani.
Sucesso nesse novo momento profissional. Eu tambem nao sou nada pratica e, como voce, gosto das mudanças, ate preciso delas, mas me ligo às pessoas e sinto dificuldade em ir querendo ficar e vice-versa. Na outra vida, se puder escolher, serei mais pratica..rs.
Um beijo,
Gaby (gabgaby)

Dani said...

Ana, agora estou em Baltimore, mas volta e meia devo estar em DC. Você continua na Howard? Vamos ver se nos encontramos da próxima vez que eu passar por aí... Beijos!

Dani said...

Gaby,
Vou entrar na fila para ser mais prática também!
Bjs