October 24, 2011

Coisas que eu não sabia

Todo mundo fala que a maternidade vem carregada de muitas coisas: responsabilidade, falta de tempo, caos e, obviamente, muita felicidade. Disto eu já sabia. O que nunca tinha me passado pela cabeça é que com a maternidade viria uma coisa esquisita, algo que se assemelha a um regra tácita de que qualquer um passa a ter direito a dar pitaco na sua vida, em nome do bem estar da sua família, da harmonia do casal, do futuro do seu filho, ou o que seja. Todo mundo agora -- inclusive as pessoas que jamais levantaram um dedo para te ajudar em absolutamente nada -- se acha no direito de interferir na sua vida!

Todo mundo se queixa das pessoas entronas que do nada se sentem à vontade para colocar a mão em barriga de grávida no meio da rua. Mas nunca tinham me prevenido a respeito dos sabes-tudo que iam brotar de todos os lados, cinco minutos depois da gente ter colocado um serzinho no mundo. Ah e como eles têm conselhos para dar, regrinhas para contar e opiniões para partilhar! E sobre tudo: o nome que você escolheu para a criança, a comida que você oferece, a marca de fralda que você usa...e por aí vai. Sem falar nos prazos: com tantos meses já deveria estar dormindo a noite toda, com tantos meses já deveria estar andando, falando e até recitando Shakespeare, se bobear... Claro que uns tópicos são bem mais populares que outros.

As mães que ficam em casa dão um duro danado, mas vão me desculpar, pois quando o assunto é ouvir conselhos alheios, mãe que trabalha sofre mais, com certeza! Querer ter carreira para muita gente é um sacrilégio. Como assim, você não vai abrir mão da sua vida profissional? Quem vai criar seu filho? Você vai largá-lo se precisar fazer uma viagem de trabalho? Louca! E não para por aí...

Só que na minha cabeça, uma coisa não exclui a outra. Qual o problema de querer avançar profissionalmente mesmo depois de ter dado a luz? Só porque virei mãe agora vou ter que fazer crochet? Tudo bem para quem gosta, mas ser a dona de casa perfeita nunca foi minha aspiração, meu ideal. E aí? Sempre quis ser uma boa mãe, e me esforço para dar o melhor de mim o tempo todo, mas abrir mão do meu trabalho nunca fez parte do trato. É por isto que abri e abro mão de muitos (quase todos) momentos de lazer ou de descanso, para me dedicar ao meu filho. Mas além disto, quero contribuir para que ele tenha um futuro melhor, para que ele frequente boas escolas, possa realizar atividades extracurriculares (se quiser), viajar e tornar-se um ser humano pensante e feliz. Meu salário entra nas despesas da casa, sim, afinal vivo no século XXI! Mas acho que ao sair de casa para trabalhar, me torno uma pessoa mais arejada, mais realizada, mais feliz.

Também existe uma outra questão igualmente importante: estaria mentindo se não dissesse que, no futuro quando tiver discernimento para tal, quero que meu filho tenha orgulho de mim. Espero que para ele o meu exemplo de vida, de trabalho duro mas gratificante seja mais importante do que quitutes gostosos ou uma casa impecável. Espero também que, como homem, em vez de criticá-las, o Joaquim saiba enxergar o valor e respeitar as mulheres que apesar de tantos obstáculos optam por tentar equilibrar uma carreira bem sucedida e uma família bem estruturada.

E sobre os conselhos alheios, como diz o velho ditado, se conselho fosse bom não era dado, era vendido! E assim vamos seguindo em frente...

2 comments:

Paula said...

Boa, Dani!!!!!!!

Cristina said...

Faço coro Dani. Quem sabe da sua vida é você. E antes de ter filho, quando eu digo que ainda vou esperar um pouco: "Se eu fosse você, não esperava muito."
aff!