September 11, 2011

Lembranças de Nova York pré-9/11

Sempre que vou a Manhattan me pego olhando o horizonte e sem querer busco as duas Torres que sempre me guiavam pela cidade. Durante os cinco anos que morei em Nova York, sempre viiv no West Village, bairro que fica abaixo da Rua 14. Como não tenho nenhum senso de direção, milhares de vezes, me perdi nas primeiras semanas na NYU. Dei zilhões de voltas no campus da universidade que se espalha por diversas ruas do Greenwich Village.

Americano adora usar os pontos cardinais para se localizar, ao passo que a maior parte do brasileiros -- eu!!! -- prefere os comandos "em frente, vire à direita e depois e esquerda." Então toda vez que pedia informação na rua, ficava mais perdida ainda com as respostas. Até que um amigo me fez ver a luz! "Dani, se localizar aqui é a coisa mais fácil do mundo. Olhe para o horizonte e procure as Torres Gêmeas; elas são sempre o seu sul...o resto você deduz!" E dali para frente nunca mais me perdi.

Daquele dia em diante, as Torres passaram a ser minha bússola. A qualquer hora do dia ou da noite, elas estavam sempre lá! Lembro que a minha mãe tinha medo de visitar o local. "Alvo certo de terrorismo!," ela dizia, mas eu ria e respondia que eles já tinham tentado em 1993 (quando eu morava na Virginia) e que raio não cairia duas vezes no mesmo lugar. Só que eu estava errada.

Trabalhei um tempo em downtown, mais precisamente em Water Street e vivia no shopping que ficava embaixo das Torres. Almoçava com os amigos, fazia comprinhas básicas, olhava as vitrines. É difícil imaginar aquilo tudo destruído. Tive que conferir com meus próprios olhos. Estava de viagem marcada para Nova York dias depois -- obviamente o voo foi cancelado -- mas acabei chegando lá no início de outubro.

Ao voltar ao meu apartamento, os vizinhos me abraçavam e cada um me contava com detalhes a tragédia. Muitos pensavam em se mudar. Outros estavam determinados a ficar. O cenário era de guerra e o cheiro, um cheiro ainda fortíssimo de metal queimado, tomava conta de toda parte sul da cidade. Pelas ruas, cartazes de famílias desesperadas em busca de notícias de entes queridos, lacos de todas as cores...Uma cidade bem diferente da que eu tinha deixado para trás apenas meses antes.

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