Agora que o Joaquim passou da hora oficialmente, estaria mentindo se não dissesse que a ansiedade aumentou bastante. Continuo me sentido superbem, mas já havia decidido com os médicos que ele não passaria da 41a semana. No Brasil, o povo tira logo o bebê assim que a gestante completa 40 semanas, mas aqui muita gente acha normal esperar até a 42a. Eu não. Não vejo motivo e sempre fui bem clara com os médicos: esperaria sem nenhum problema ate a 40 semana, mas nao queria deixar passar de 41 de forma alguma.
Entao, como o Joaquim não chegou na segunda, mais uma vez, retomamos o assunto da indução. O médico concordou comigo e disse que a enfermeira me telefonaria com a data em breve. Não tive notícias dela até ontem, quando me telefonou dizendo que a minha indução estava agendada para sexta, dia 10. Tudo ótimo, pensei.
Hoje pela manhã meu telefone toca. Era ela de novo.
"Senhora, Baron, não tenho boas notícias. Vamos ter que empurrar sua indução para terça-feira," ela me disse.
Eu, que já estava de saco cheio e ansiosa com a falta de notícias da véspera, explodi na hora. "Não aceito. Simplesmente inaceitável, inexplicável e deplorável. Este bebê vai nascer antes do fim de semana, nem que para isto eu precise encontrar outro médico," sentenciei.
Então ela tentou se justificar dizendo que emergências aconteciam, etc, etc. Mas eu não quis ouvir. "Emergência seria eu chegar lá na hora marcada, me deparar com 40 parturientes e ser mandada pra casa por falta de disponibilidade de leitos. Você me ligar com dois dias de antecedência me remarcando para uma semana depois não é emergência nem aqui nem na China. Pode dar um jeito de me encaixar o mais rápido possível. Eu não vou aceitar isto."
Ela ficou gaga, me disse para ir conversar com a médica e manter a consulta que ela deveria ter cancelado na véspera.
Eu continuei: "O que vocês estão fazendo comigo não é justo, é uma covardia. Fazer uma mãe de primeira viagem, que já passou das 40 semanas, de gato e sapato é muita falta de consideração. É falta de profissionalismo. Mais que isto é falta de humanidade." E ai falei, falei, falei...tudo que estava intalado na garganta. Sem insultos, sem gritaria, mas desabafei.
Corri para o banho para poder chegar na hora da tal consulta e quando já estava pronta para sair, o telefone tocou. Desta vez era o médico me perguntando como eu estava. Então desfiei minha ladainha. "Como eu estou? Nada bem, né doutor? Com o que está acontecendo e com meus nervos a flor da pele, não posso estar bem."
Ele foi muito delicado e me explicou que preferia que a minha indução não acontecesse na sexta porque quem vai estar no hospital é a midwife ou obstetriz (enfermeira especialista em partos mas que não é médica) e ele gostaria que eu tivesse a cobertura de um médico comigo o tempo todo.
Claro que entendi o ponto de vista dele, mas ele também entendeu o meu, ao que parece. Entendeu a minha apreensão e o fato de que a minha irmã vem do Brasil por três dias só para conhecer o sobrinho e que vai embora na segunda. Então me disse que ia me encaixar amanhã mesmo, quando ele vai estar de plantão.
Agora é esperar o raio da enfermeira me ligar dando o OK final... Nestas horas é que dá uma saudade do Brasil...