April 21, 2009

Quando a Espera Vale a Pena

Ontem chegamos a Hopkins antes das onze da manhã e saímos de lá quase às seis da tarde. Mas longe de mim reclamar. Apesar do incrível medo que senti desta vez, saí de lá aliviada e feliz depois de obter os resultados que tanto aguardava.

Estas consultas e axames periódicos me trazem de volta lembraças amargas, são sempre encontros marcados com a minha vulnerabilidade, quando me vejo cara a cara com a minha própria mortalidade. Não deveria ser tão traumático assim, mas é.

Os dias que antecedem esta data são muito tensos para mim. Desta vez fiquei mais ansiosa, e o pior de tudo é que passei esta ansiedade para a minha família que está aqui me visitando. Eles aguentaram bem, mas deve ser horrível para os pais verem o sofrimento e a angústia de um filho. Meus pais já passaram por muitas comigo e é muito compreensível que também tenham ficado traumatizados. Espero que o tempo apague tanto as minhas cicatrizes quanto os traumas deles.

Ontem fui espetada cinco vezes nos dois braços. Para quem não sabe, sempre tive verdadeira fobia de agulhas, mas acabei me dando conta que não tenho mais este medo. Fui espetada na parte exterior do braço e nas mãos -- lugares supostamente bem mais sensíveis e dolorosos -- mas sinceramente nem diferença senti. As minhas veias são ruins: finas e "bailarinas", o que quer dizer que ao entrar em contato com a agulha, elas se movem. Nada demais, a menos que, como no meu caso, o dono destas veias tenha que ser submetido a vários exames de sangue periódicos. Mas dos males o menor. Se esperar sete horas num hospital onde só há desgraça e ser furada cinco vezes a cada três meses me dessem a garatia de viver saudável até meus 90 anos, eu ficaria felicíssima!

A espera de ontem também foi muito diferente e acho que a minha choradeira ano passado fez com que o meu médico reavaliasse o modus operandi do departamento. É óbvio que entendo que a rotina dos caras é uma loucura, mas esperar horas a fio trancada numa sala para saber se o tumor voltou ou não é pior que tortura. Me imagino a própria gladiadora dentro de uma arena no final da luta à espera da misericórdia do imperador. Polegar pra cima se eu merecer viver, polegar para baixo se for condenada à morte. Só que no meu caso, o imperador é o médico e o polegar é o resutlado da ressonância.

Ao chegar lá, fomos encaminhados para uma pequena salinha, de onde pudemos ver outros pacientes, em outras salinhas com semblantes tão preocupados quanto os nossos. Pela fresta da porta vemos os médicos, enfermeiros e residentes num entra e sai a passos apertados. Até que enfim chega a minha vez! Um dos residentes entra para fazer as honras da casa.

A primeira pergunta é como eu estou me sentindo. Olho para ele e digo sorrindo (de nervoso!): "Você tem a resposta." Ele sorri e responde "Se você quer saber dos exames, nada mudou desde a sua última consulta. Continua tudo bem com seu fígado e suas taxas continuam praticamente inalteradas."

Nesta hora, o Blake e eu respiramos aliviados pela primeira vez em semanas, nossos olhos cheios de lágrimas e o pensamento lá no futuro, nos planos para uma vida normal. Nossas orações e as orações de muitas pessoas especiais foram atendidas. Me sinto 200 kg mais leve, sinto que posso voar.

Faço algumas perguntas ao residente, muito simpático, e ele me diz que agora preciso esperar o médico para tarçarmos um acompnhamento a longo prazo. "Você não é o tipo de paciente que a gente quer ver a cada dois ou três anos. Queremos você pertinho de nós. Vamos ficar de olho em você," ele sorri. É claro que quando um médico diz que quer você por perto, ele não se refere ao seu bom astral ou a sua mera companhia, mas tudo bem, há de que se acostumar com isto.

Preciso entender que pra mim, vida normal não é aparecer no médico uma vez a cada cinco anos com tosse ou dor de cabeça. No meu caso, vida normal quer dizer consultas e exames periódicos e, se Deus quiser, mais nada. Pensando no que já ficou pra trás, este é um preço pequeno a ser pago.

6 comments:

Isabella said...

Que alívio, Dani! Fico feliz por vc : )

bjs

Amanda said...

Oi Dani

A sensação é de vôo mesmo. Então levite! Que bom que está tudo bem no front. Por aqui tudo ótimo também.
Bjos

Daniela Freitas said...

Que ótimo Dani! Fico muito feliz que vc esteja bem!!!! Tenho certeza de que continuará super saudável!!! bjs

Ana Claudia Lintner said...

Que bencao, Dani! Fico felicisssssssima por voce.
Beijos

Ana said...

Dani, eu moro aqui pertinho, em DC-Arlington, e comecei a entrar aqui naquele dezembro de 2008, desde lah to sempre na torcida e acompanhando suas vitorias. beijo grande.

Luciana Misura said...

Dani, eu estava viajando no dia mas comemorei os seus resultados tambem :- ) Muita saude pra voce!