Domingo fui à uma tarde de autógrafos muito legal. A Allison me chamou para o lançamento do livro de uma amiga virtual dela em Washington. Topei na hora, programinha a minha cara...
Chegando lá, a casa era muito fofa -- tenho uma queda enorme por imóveis antigos e históricos -- e os donos Lisa e Attila eram a simpatia em pessoa. A Lisa é amiga da faculdade da autira do livro, Kairol, e decidiu fazer uma festa para divulgar o projeto e obviamente vender uns livrinhos. (A Allison e eu saímos com umas seis cópias!)
O que eu acho bacana do povo americano é esta atitude "grassroots" mesmo, coisa espontânea e de raiz. O povo aqui não fica esperando o outro fazer nada, eles arregaçam as mangas e partem pro trabalho. E isto me inspira demais...gosto muito desta força do anglo-saxão, deste espírito comunitário.
O livro da Kairol surgiu da própria experiência dela -- morando em San Francisco, aos 27 anos, a bailarina e coreógrafa descobrui um câncer na tiróide. Em vez de chorar à espera da morte, resolveu pegar a estrada. Conseguiu uma grana com a Secretaria de Cultura de Chicago (país de primeiro mundo é outra coisa!) e passou mais de três anos rodando os EUA de costa a costa entrevistando jovens que passavam pela mesma situação. Em busca de personagens, fez um flyer eletrônico e pediu para que os amigos e familiares distribuíssem em suas comunidades, repassassem para sua lista de emails e colassem nos supermercados e qualquer outro lugar onde pudessem despertar a curiosidade das pessoas.
Deu certo e ao todo foram mais de 20 entrevistas em todos os cantos dos EUA. Jovens adultos que aceitaram passar uma hora ou um pouco mais com ela para abrir seus corações. Ainda estou lendo o livro, mas as histórias são todas bonitas. Em comum, além da emoção, existe o fato de que TODOS os personagens demoraram muito até conseguirem um diagnóstico certo, o que obviamente afetou o tratamento, pois em vez de descobrir o tumor em estágio inicila, quando a doença é de mais fácil tratamento, muitas vezes, quando chega o diagnóstico, a doença se encontra em estágio avançado e as chances de sobrevivência caem bastante. E estas história se repete. Aconteceu comigo e com todo mundo que conheço, no Brasil e nos EUA.
Mas não quero falar de doença agora. Quero falar de atitude. E apesar da doença e dos tratamentos, Kairol continuou firme no projeto do livro. Bateu com a cara na porta várias vezes e ouviu milhões de outras vezes que "câncer não vende livro!" Mas para a sorte de todos nós, ela estava determinada, até que conseguiu um agente e logo depois uma editora. O livro ficou pronto em poucos meses e ela tornou-se mais uma militante. Aproveitou a temporada em Washington para visitar senadores e deputados e pedir mais dinheiro para pesquisa e tratamento de câncer em pacientes jovens. E continua sua jornada, divulgando o livro, que é superinteressante, e lutando pela causa, que é mais importante.
Mas o mais engraçado é que conversando com a Kairol, ela me disse que o livro não exisitiria se não fosse pelo site Craigslist, que par aquem não sabe é uma espécie de "Balcão" (lembram do jornal???) virtual que lista classificados de tudo -- compra, venda, trabalho voluntário, trabalho freela, casa pra alugar, house swap e até prostitutas (obviamente). Mas foi através deste site que Kairol conheceu alguns de seus personagens, voluntários que transcreveram as centenas de horas de entrevistas e até o próprio marido!!! (E eu que me achava original por ter conhecido o meu no match.com!) Quer mais viral ou grassroots do que isto? Impossível!
5 comments:
Que legal a história dela... adorei. Ai, Dani, essa semana fiz uma matéria sobre câncer de mama e conversei com um mastologista incrível... me explicou muitas coisas. Mas fiquei arrasada depois de escrever, que barra deve ser passar por um cãncer, de qualquer tipo, não é? Graças a Deus você tá aqui. ;o) Beijos, querida.
Oi Dani, vim te visitar!Nossa, muito interessante esta história da Kairol. Gente que faz a diferença!
Dani, adorei essa idéia do livro. Genial!
Precisamos conversar mais sobre a idéia de levar mais informações sobre câncer aos pacientes jovens do Brasil. Devo voltar para lá em 3 meses, e estou empolgada para colocarmos isso em prática. Já está na hora!
Ah, estou te seguindo no twitter!
Beijos e um ótimo fim de semana...
Caramba, Dani! Que bacana!
Beijos.
Meninas,
Adorei os comentários aqui!!! Pois é, o livro da Kairol é um barato e autora uma gracinha. Ainda estou no começo, mas este findi vou engatar!
Fê,
Câncer é uma barra mesmo e a minha perspectiva mudou muito nos últimos meses, ficou mais realista.
Rossana,
Que bom que você vaiu voltar pro Brasil logo! A gente precisa fazer alguma coisa lá. Tenho um monte de idéias, mas daqui fica complicado.
Glaucia & Liège,
Bem-vindas! Que bom ver vocês aqui!
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